quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Churrasquinho e a pirâmide de Maslow: como chegar ao topo no 3º setor?


A situação dos vendedores de churrasquinhos suscita uma discussão muito mais ampla do que a simples limpeza do patrimônio público visto que está em foco um problema social, não só local, mas de todo Brasil: o subemprego.

Ora, ora os vendedores ambulantes não trabalham com a venda de churrasco por escolha, mas sim por falta de opção. Alguns possuem graduação universitária, mas não conseguiram absorção no mercado de trabalho, outros, por sua vez, complementam ou tiram toda a renda familiar com a venda desses espetinhos.

Estamos diante de uma situação que gera no mínimo desconforto e mal-estar, pois estes brasileiros estão na rua ganhando `o pão com o suor do rosto´, para dar educação aos filhos e conseguir suprir necessidades básicas de alimentação, saúde e vestuário.

Essa problemática reflete contrastes sociais oriundos de uma sociedade marcada pelo capitalismo selvagem, no qual os ricos tendem a produzir mais riquezas e o pobre é condenado a servir e enquadra-se nas regras do poder.

Como exigir dos vendedores de churrasquinhos que eles sigam regras como, por exemplo, a compra de carrinhos padronizados se para tanto é necessário dinheiro, o que é escasso para esses trabalhadores.

Conforme explica o psicólogo Maslow, na pirâmide de hierarquia das necessidades do homem, a alimentação e o vestuário estão na base da pirâmide e representa as necessidades inerentes a todos os seres humanos para sobreviver. Logo após vem às questões da segurança, do social, da auto-estima e da auto-realização que são conquistados gradativamente de acordo com a evolução humanística.

Assim uma pós-graduação ou uma viagem ao Chile seria a auto-realização pessoal, a compra de uma jóia poderia encaixar na auto-estima e a possibilidade de receber um salário fixo no fim do mês seria a segurança da pirâmide de Maslow.

Os vendedores de churrasquinhos e ambulantes trabalham no 3º setor, ou seja, atuam no sistema informal. Não possuem renda fixa, salário, muito menos direitos a aposentadoria. Estão à margem da sociedade e mesmo assim lutam pela sobrevivência. Eles podem até sonhar em chegar ao topo da pirâmide, mas, na verdade, estão condenados a ficar na base se não houver incentivos para legalizar a função e tiverem, desse modo, novas perspectivas de futuro.

O ideal seria que toda a sociedade pudesse usufruir de sua própria pirâmide e galgar níveis mais altos na hierarquia da pirâmide de Maslow até atingir o ápice com a auto-realização de sonhos, mas o que vemos são pessoas lutando pelo sustento de cada dia, sem expectativa de mudança em um país marcado pelas desigualdades sociais e pela falta de oportunidades.

O que falta são subsídios para sanar as dificuldades, novas formas de enxergar o problema, bem como medidas sociais para dá escolhas aos trabalhadores do asfalto. Os ambulantes querem oportunidades, portas abertas e condições de trabalho para poder sonhar em atingir o topo da pirâmide.

Artigo: Flávia Varela
flaviavarela@hotmail.com



Um comentário:

andreia soares disse...

Parabéns!!! vejo também dessa forma...